sexta-feira, 22 de março de 2013

Rastro de sangue no mercado de marfim da China

                              Uma reportagem mostra claramente a relação entre o consumo de esculturas de marfim na China e a morte dos elefantes africanos. O texto e as fotos são do The New York Times, jornal norte-americano, mas foram publicadas nesta sexta-feira no Diário do Comércio, jornal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O Diário do Comércio cedeu algumas fotos e parte do texto para este blog. Vale ler:

Loja de esculturas feitas em marfim em Pequim/
Foto de Adam Dean/The New York Times

"Investidores chineses o consagraram como "ouro branco". Escultores e colecionadores preferem o termo "pedra preciosa orgânica". Os contrabandistas, no entanto, usam, um nome terrivelmente direto para as presas recém-colhidas do elefante africano e que vão parar neste remoto posto avançado de negociação na fronteira vietnamita.
"Nós os chamamos de dentes sangrentos", disse Xing, fabricante de móveis e traficante de marfim, que é parte de um negócio sombrio que ressuscitou reivindicações pela proibição internacional total das vendas de marfim.
Para ultraje dos grupos de conservação que tentam impedir o massacre dos elefantes africanos e para o constrangimento das agências policiais chinesas, o negócio próspero do marfim de Xing é apenas uma gota no rastro de sangue que se estende da África, pelo ar, mar e terra, até os showrooms chineses e às coleções particulares.
"Os chineses têm a chave do futuro dos elefantes", declarou Iain Douglas-Hamilton, fundador da Fundação Salve os Elefantes. "Se as coisas continuarem da forma que estão, muitos países podem perder seus elefantes completamente."
Críticos afirmam que o governo chinês não está fazendo o suficiente para deter o comércio ilegal do marfim, que explodiu nos cinco anos desde que os conservacionistas e os governos concordaram com um programa de vendas limitadas de marfim com o intuito de reprimir a caça ilegal e renovar um artesanato centenário. Desde o começo, em 2012, mais de 32 mil elefantes foram mortos ilegalmente, segundo a Born Free Foundation, uma organização de proteção da fauna selvagem.
 
Uma das esculturas exibidas na China/
Foto Adam Dean/The New York Times
Exibição de uma escultura e o outdoor que mostra, na capital chinesa, a campanha em defesa da preservação dos animais. - Adam Dean/The New York Times

Conservacionistas afirmam que a maioria do marfim vendido na China, cujo preço chega a quase US$ 3 mil o quilo no mercado negro, é de origem duvidosa.
As vendas legalizadas de marfim têm sido um benefício para os escultores e agentes, que têm ajudado a fomentar a demanda por fornecimentos ainda maiores. Mas os investigadores do comércio na China afirmam que vendas exponenciais – e o incentivo à caça ilegal – podem estar ligadas à uma combinação entre a incompetência dos órgãos policiais e a corrupção oficial, especialmente entre os militares.
A única forma de salvar o elefante africano, afirmam os conservacionistas, é proibir a venda de marfim completamente.
Embora a natureza clandestina do contrabando de marfim dificulte o mapeamento completo, especialistas dizem que os elefantes africanos estão sendo abatidos ao índice mais alto em duas décadas, principalmente para satisfazer a demanda entre a crescente classe média da China. "A China claramente lidera o comércio ilegal do marfim, mais que qualquer outra nação do planeta", declarou Tom Milliken, especialista em elefantes da rede Traffic de fiscalização do comércio de animais selvagens...

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