terça-feira, 22 de outubro de 2013

Snoopy, dos campos ingleses para o tubo de ensaio?

O jovem Charlie Brown provavelmente participaria da invasão ao Instituto Royal na última sexta-feira, em São Roque. Charlie é o dono, nas histórias em quadrinho e depois na TV, do cãozinho Snoopy, o beagle criado em outubro de 1950, por Charles Schulz.
Snoopy ficou conhecido por gostar de ar fresco, de preferir dormir sobre o telhado de sua casinha. Nisto ele se parece com seus amigos reais.
A raça que inspirou o desenhista foi desenvolvida no Reino Unido para caçar coelhos ao lado dos homens.
O beagle é um cão dócil, cheio de energia, inteligente e de extraordinária saúde. Confia cegamente nos seres humanos. Essas são as qualidades que os cientistas começaram a apreciar no animal. Mas o que definitivamente levou os beagles para dentro dos laboratórios de pesquisa é o fato de serem animais exaustivamente estudados.
A Medicina Veterinária tem um bom raio-x dessa raça e conhece de perto sua fisiologia e anatomia. Não podemos nos esquecer que os ingleses beagles são da terra de Charles Darwin, o naturalista que elaborou a teoria da evolução das espécies, e da terra da Universidade de Cambridge, berço do estudo da história natural. Por conta disso tudo, Snoopy foi parar nos laboratórios do Royal.
Quem conhece o comportamento dos cães e seu universo emocional sabe que os beagles não vivem confortavelmente em celas revestidas de ladrilhos e sem uma família humana. São animais que precisam estar integrados a pessoas, precisam de tarefas, como a caça, gostam do sol (e do ar fresco como o personagem Snoopy). Foi exatamente desta forma que nós humanos os desenvolvemos. 
Independentemente da necessidade das pesquisas realizadas com eles, há maus-tratos psicológicos. Há 12 mil anos os cães convivem com os homens, nos protegem e nos fazem companhia em troca de alimento e afeição, e por isso são chamados domésticos. Parecem às  vezes que são nossos donos, como Snoopy é de Charlie Brown. Não podemos agora inventar para eles um novo e inaceitável papel: o de robôs biológicos capazes de viver em tubos de ensaios eternamente.

Artigo escrito pelo autor deste blog, Ricardo Osman, para o Diário do Comércio, jornal da Associação Comercial de São Paulo. Publicado na edição de 22 de outubro de 2013. Leia mais em ww.dcomercio.com.br

2 comentários:

  1. Até q enfim alguém esclarece que água, comida e teto não neutralizam confinamento, inatividade e falta de afetividade, pois cães são evoluídos, sociais e emocionais como nós.

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  2. Até que enfim alguém esclarece que água, comida e teto não neutralizam confinamento, inatividade e falta de afetividade, pois cães são sensíveis, inteligentes e emocionais como nós.

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