terça-feira, 24 de novembro de 2015

Rio Doce: uma tragédia anunciada do mar de lama.

Foz do Rio Doce, no Espírito Santos/Foto Ibama Divulgação

A tragédia de vidas humanas, de animais e do meio ambiente em Minas Gerais, causada pelo rompimento de barragem da mineradora Samarco, é a crônica de um acidente anunciado. Crianças morreram, cães e gatos, peixes e animais silvestres. Tudo isso porque no Brasil medidas de proteção às comunidades e ao meio ambiente, e medidas de sustentabilidade, ainda são vistas na maioria dos casos como marketing pelas empresas.
Atesto isso como jornalista profissional que atuou por 34 anos na grande imprensa brasileira e visitou inúmeros projetos de empresas, inclusive da Vale, que é ao lado da BHP uma das controladoras da Samarco.
Aparentemente, o rompimento da barreira surpreendeu a todos, mas a empresa não tinha nenhum sistema de monitoramento das barragens que receberam resíduos da extração do minério e nem sistema para avisar à comunidade sobre o acidente, e tentar salvar vidas, e conter os danos ao meio ambiente. Tudo foi improvisado após o acidente do dia 5 de novembro de 2015, é essa a impressão que fica.
Proteção ao meio ambiente e medidas de crescimento sustentável devem ser levados a sério neste País. Sei que a Samarco e a Vale têm medidas neste sentido, mas precisam fazer mais, mais e mais, como evidenciou o rompimento e a tragédia ecológica que seguiu a Mariana. Nestes dias, a lama chegou ao oceano Atlântico, a morte anunciada da flora e fauna brasileiras.
O Ibama informa que multou a empresa em R$ 250 milhões. A prevenção teria custado menos, mas o autor deste blog e muitos outros defensores do animais e do meio ambiente, e portanto das comunidades, parecem não serem ouvidos pelas autoridades e pelas empresas quando alertam que precisamos viver no Brasil uma nova fase em relação à responsabilidade com o planeta. Isso não é discurso de ecohippie, nem de protetor de animais desinformados, o que ocorreu é coisa séria, que causou e causa imenso sofrimento a inúmeros seres vivos.

domingo, 1 de novembro de 2015

IV Simpósio em Saúde Ambiental: lições da crise de água e energia podem contribuir para um mundo melhor.

No segundo dia de palestras e debates do IV Simpósio em Saúde Ambiental do Programa de Mestrado Profissional em Saúde Ambiental da FMU - Água e Energia, discutiu-se a herança que o País vai deixar para as futuras gerações. Mas nem tudo teve cores pessimistas. Foi ressaltado que é possível tirar das crises lições e avançar na direção de um mundo melhor.

Confira abaixo os debates realizados na sexta-feira, dia 30 de outubro de 2015, no prédio da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU, na rua Ministro Nelson Hungria.

Reportagem e fotos de Ricardo Osman
  
O palestrante Alessandro Luiz Oliveira Azzoni

          Os economistas costumam dizer que mesmo nas crises surgem oportunidades de negócios e graças ao espírito empreendedor soluções antes inimagináveis são postas na mesa. Os especialistas reunidos no segundo dia do IV Simpósio em Saúde Ambiental do Programa de Mestrado Profissional em Saúde Ambiental da FMU também discutiram e apresentaram um legado positivo da atual crise de água e energia que enfrenta o Brasil.
          “Aprendemos que a água é finita, e que o ar pode ser finito. Aprendemos a economizar água. Os governos perceberam a fraqueza do sistema e os Ministérios Públicos Federal e Estadual estão mais eficazes em suas atuações”, disse Alessandro Luiz Oliveira Azzoni, diretor da Opzione Fomento Mercantil e integrante do Conselho de Meio Ambiente da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo, o primeiro palestrante do segundo dia do IV Simpósio, que ocorreu na sexta-feira, dia 30 de outubro, em espaço da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU, campus Ponte Estaiada. “Acredito que não retornaremos mais ao consumo anterior e as Agências Reguladoras estão mais atentas. Temos de tirar proveito da crise sim. Se não fizermos nada a água e a energia podem acabar.” A palestra de Azzoni tratou justamente da “Crise hídrica: seus efeitos e seu legado”.
 
Coordenadora da Faculdade de Medicina Veterinária,
professora Ana Cláudia Balda, abre o segundo dia do
IV Simpósio em Saúde Ambiental da FMU
Os debates deste segundo dia do IV Simpósio foram abertos pela coordenadora do Curso de Medicina Veterinária da FMU, professora Ana Cláudia Balda, e pelo coordenador do Programa de Mestrado em Saúde Ambiental da FMU, professor João Carlos Shimada Borges. Eles passaram a palavra ao presidente da mesa, professor Carlos Augusto Donini que, diante de uma sala lotada por estudantes, médicos veterinários e ambientalistas de várias instituições, ressaltou a importância do evento. “Esse Simpósio tem o objetivo de levantar a discussão. Nós seremos cobrados pelas futuras gerações pela herança deixada para elas”, afirmou Donini, instigando os presentes a refletirem sobres os dados e as pesquisas apresentadas no IV Simpósio. 
A palestrante Fernanda Macedo

      A segunda palestrante do dia foi Fernanda Lopes Macedo, zootecnista pela Unesp e mestre em Ciência Animal e Pastagem pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). Ela falou sobre o “Uso racional de água e de fontes alternativas de energia na bovinocultura leiteira.” Mas chamou atenção em sua palestra o esforço necessário para que uma nova consciência sobre o uso de água e energia se difunda entre pequenos e médios produtores e o papel relevante que tem a academia neste processo.

        Com o debate aberto, a estudante Nicole Deguide, de 22 anos, que cursa o 5º período da Faculdade de Medicina Veterinária da FMU, observou para todos que faltou informação à população sobre a dimensão da crise hídrica de 2015. “A população só foi informada quando a crise chegou a um ponto crítico. Os governos deveriam ter explicado à população o motivo da falta de água desde o início.” Suas palavras alimentaram intenso debate sobre o papel da mídia e a qualidade da informação fornecida por órgãos governamentais ao longo deste ano.
       O IV Simpósio tornou-se cenário da discussão da “crise de informação” que esteve ao lado das da água e da energia – e o objetivo do evento, “de levantar a discussão”, como ressaltou o professor Donini na abertura, pareceu alcançado.  



OS TRABALHOS CIENTÍFICOS

Avaliação simultânea dos trabalhos científicos apresentados para o IV Simpósio

         Depois das palestras e do debate, os participantes do IV Simpósio em Saúde Ambiental da FMU seguiram para sala do programa de Mestrado em Saúde Ambiental para acompanhar de perto a tarefa de revisores na avaliação dos trabalhos científicos apresentados para o evento. Vinte e dois trabalhos científicos, previamente aprovados do total inscrito, foram avaliados simultaneamente por revisores diante da plateia convidada.
        Os revisores puderam sentar ao lado dos autores dos trabalhos científicos e, diante de computadores, conhecer o texto dos estudos e receber explicações na hora da avaliação. Foram dadas notas para vários aspectos dos 22 trabalhos científicos e quatro serão indicados como os melhores, os vencedores do IV Simpósio, após a contagem dos pontos, o que deve ocorrer nos próximos dias.
     
Autora de trabalho científico (à esq.) apresenta o estudo
 aos revisores do IV Simpósio
  Pôsteres dos trabalhos foram expostos na sala e revelavam a abrangência do tema Saúde Ambiental: estavam lá pôsteres sobre pesquisa realizada junto à população indígena Guarany, da Aldeia Ribeirão Silveira, localizada no litoral paulista, região de Bertioga e São Sebastião, e outro sobre o Impacto da Crise Hídrica na Indústria.
       Todos os 22 trabalhos científicos previamente aprovados serão publicados como anais na revista científica eletrônica Atas de Saúde Ambiental – ASA, conforme informou a professora Andrea Roberto Bueno Ribeiro, coordenadora deste processo de seleção e avaliação e editora da revista eletrônica ASA. Desta forma, os trabalhos científicos apresentados para o IV Simpósio em Saúde Ambiental do Programa de Mestrado Profissional em Saúde Ambiental da FMU poderão ser conhecidos facilmente por todos.   

O endereço eletrônico da revista ASA é: http://revistaseletronicas.fmu.br/index.php/ASA/index
     
Professores (de pé) avaliam o trabalho científico.
 Estudos serão publicados na revista eletrônica
 Atas de Saúde Ambiental - ASA





     Na foto acima os professores João Carlos Shimada Borges e Andrea Roberto Bueno Ribeiro (sentados) e Carlos Augusto Donini (de pé): contagem dos pontos das avaliações feitas dos trabalhos científicos apresentados ao IV Simpósio em Saúde Ambiental.


Abaixo os quatro melhores trabalhos apresentados no IV Simpósio em Saúde Ambiental, resultado divulgado em 12 de novembro.


Melhores trabalhos do IV Simpósio em Saúde Ambiental_2015

Pesquisa:

“Detecção de Circovírus suíno 2 (PCV2) por reação em cadeia pela polimerase (PCR) nas fezes e baia de suínos em granja sem vacinação”
Autores:

Alessandra Barone Briani Fernandes; Carlos Henrique Quarello de Moraes; Elmar de Azevedo Alvarenga; Fernanda Rodrigues da Silveira; Suzana Cristina Quintanilha ; Alessandra M. M. Gomes de Castro e Flávio Baldisseri Jr.

Pesquisa:

“Caprinocultura leiteira: aspectos econômicos e avaliação de atratividade do negócio”
Autores:

Gilmar de Oliveira Pinheiro; Erico da Silva Lima; Vitória Souza de Oliveira Nascimento
Revisão Bibliográfica:

“Coliformes termotolerantes: Bioindicadores da qualidade da água destinada ao consumo”
Autores:

José Alexandre de Oliveira; Maria Claudia H.G dos Santos; Nair Massumi Itaya; Ricardo Moreira Calil
Revisão Bibliográfica:

“Agroecologia como ferramenta de sustentabilidade nas pastagens”
Autores:

Tiago Neves Pereira Valente; Erico da Silva Lima; Crislen  Adrielle Luz Sobrinho; Vitória Gallo Borges de Lima; Sandro de Castro Santos
























O periódico Atas de Saúde Ambiental - ASA, ISSN 2357-7614, é uma iniciativa do corpo docente do Curso de Mestrado Profissional em Saúde Ambiental das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, com interesse multidisciplinar nas áreas diversas que compõem a temática central do Curso: Saúde e Ambiente. O corpo editorial da revista eletrônica é composto por renomados pesquisadores e docentes de diversas instituições nacionais e internacionais.